sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Israel vai disponibizar acesso virtual aos pergaminhos do Mar Morto


Os textos mais importantes e polêmicos da época de Jesus vão ser disponibilizados na íntegra na internet, informa o jornal americano "New York Times". Trata-se da coleção completa dos chamados manuscritos do mar Morto, textos encontrados em Israel que datam do século 3 a.C. ao século 1 d.C. e traçam um retrato complexo e fascinante do judaísmo na época de Cristo. O Conselho de Antigüidades de Israel começou nesta semana a digitalizar os 15 mil fragmentos de texto, e a expectativa é colocá-los de graça na web nos próximos anos.

O trabalho é uma ferramenta essencial para a preservação desse legado histórico, porque os manuscritos do mar Morto só sobreviveram durante mais de 2.000 anos porque foram armazenados em condições especiais nas cavernas da região desértica de Qumran, na Cisjordânia. Mesmo com tentativas laboratoriais de manter os textos em situação semelhante, há exemplos de letras desaparecendo e outras ameaças à integridade física dos rolos. O trabalho de digitalização dos manuscritos está sendo liderado por Greg Bearman, pesquisador aposentado do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa. Bearman está usando uma câmera especial que consegue recuperar trechos ilegíveis da antiga escrita hebraica e aramaica.

O texto de todos os manuscritos (alguns equivalentes a livros inteiros, outros correspondentes a uma frase ou até uma única palavra) já foi publicado, mas a idéia é que especialistas e leigos do mundo todo possam ter acesso aos originais e consigam examiná-los virtualmente de vários ângulos.A Bíblia inteira e algo maisAparentemente, os textos de Qumran, como são conhecidos, eram exclusivamente judaicos. Foram encontrados exemplares (inteiros ou fragmentados) de quase todos os livros da Bíblia hebraica (equivalente ao Antigo Testamento protestante), com exceção do livro de Ester e do Primeiro Livro das Crônicas. Apesar da existência de variantes, os manuscritos do mar Morto têm bom grau de concordância com o texto bíblico que chegou até nós, o que mostra a existência de uma tradição textual contínua entre as Escrituras que podemos ler hoje e as que existiam cerca de 200 anos antes do nascimento de Jesus. No entanto, as cavernas de Qumran também abrigavam jarros contando textos até então desconhecidos dos estudiosos do judaísmo antigo. Alguns são comentários sobre o texto bíblico, salmos e orações. Outros, porém, parecem retratar as crenças de uma seita judaica radical que teria vivido na região (embora essa interpretação esteja sob ataque atualmente). Um dos mais famosos exemplares dessa categoria é o Pergaminho da Guerra, também conhecido como "A Guerra dos Filhos da Luz contra os Filhos das Trevas", aparentemente uma espécie de apocalipse.

Há indícios de que a comunidade de Qumran se considerava a verdadeira representante da fé judaica, enquanto os sacerdotes do Templo de Jerusalém e a maioria dos outros judeus seriam condenados por Deus no Juízo Final. Até hoje, nenhum estudioso conseguiu demonstrar uma influência direta dos manuscritos do mar Morto sobre os primeiros cristãos.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

O Mundo aplaude as Olimpíadas, mas esquece da Perseguição aos Cristãos na China


Pastor chinês é detido antes de dar entrevista à BBC CHINA (10º) - Zhang Mingxuan, lider de uma igreja doméstica, foi detido pela polícia chinesa depois que jornalistas da BBC tentaram entrevistá-lo na segunda-feira, dia 4 de agosto. Juntamente com ele estavam sua esposa Xie Fenglang e o co-pastor Wu Jiang He.
O jornalista de assuntos internacionais John Simpson telefonou para Zhang a fim de pedir que ele concedesse uma entrevista, exatamente como foi solicitado no livro dado aos jornalistas que estão fazendo a cobertura dos Jogos Olímpicos em Pequim.
Zhang concordou em dar a entrevista, mas enquanto Simpson viajava para encontrá-lo, a polícia deteve Zhang e seus companheiros, e os levou para a delegacia.
Quando Zhang Mingxuan informou John Simpson, por telefone, sobre o lugar onde se encontrava, o jornalista se dirigiu para a delegacia e gritou algumas perguntas para Zhang, que estava visível numa janela aberta no segundo andar do prédio, como foi mostrado pela seqüência filmada pela BBC.
Os oficiais da Agência de Segurança Pública baniram Zhang e sua esposa de Pequim, durante a Olimpíada, temendo que eles tentassem se encontrar com autoridades estrangeiras em visita ao país.
Depois de forçar Zhange e Xie a deixarem sua casa, e impedi-los por diversas vezes de encontrar um lar temporário, no dia 16 de julho, oficiais entraram na casa de um amigo do casal que havia cedido abrigo, e os transportou até Yanjia, próximo à província de Hebei. Zhang e Xie se mudaram para outra cidade, ainda mais remota, para esperar pelo fim dos Jogos (leia mais).
Protestos ao presidente
Zhang viajou numa missão evangelista intinerante pela China antes de se mudar para Pequim, em 1998. Ele é co- fundador e presidente da Aliança das Igrejas Domésticas Chinesas, fundada em abril de 2005 para defender os direitos das igrejas domésticas cristãs.
Em 2005, o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, convidou Zhang para um encontro durante uma visita oficial à China. O encontro entre os dois nunca aconteceu pois os oficiais detiveram Zhang antes que ele pudesse responder ao convite.
Presidente: Você está ciente?
Como presidente da Aliança, Zhang, em novembro de 2007, mandou uma carta aberta ao presidente Hu Jintao, encorajando a China a conceder liberdade religiosa. A carta, que também foi assinada pela esposa dele, continha o seguinte trecho: “Presidente Hu, você está ciente de que as autoridades abaixo de você prendem, espancam e expulsam os cristãos de suas casas?”
Zhang também mencionou várias prisões por atividades religiosas, incluindo um aprisionamento de 185 dias em 1986, pouco depois de ter se tornado cristão, e inúmeras ameaças, espancamentos e prisões depois que ele se mudou para Pequim.
Em 1999, os oficiais da Agência de Segurança Pública o prenderam por pregar em lugar público, e o confinaram por 13 dias em um hospital psiquiátrico.
A carta descrevia perturbações, incluindo ameaças de corte de água e eletricidade, e acusações de que Zhang estava ilegalmente adotando órfãos, após ter aberto um orfanato e uma escola em Yanjiao (leia mais).
Em sua conclusão, Zhang implorou a Hu Jintao a melhora dos direitos das religiões minoritárias, particularmente dos cristãos, para o benefício moral e social da China.
Encontros incômodos
Em junho, Zhang se encontrou com os representantes republicanos dos Estados Unidos, Franf Wolf e Christopher Smith, durante uma visita a Pequim. Mas oficiais do governo chinês o colocaram em prisão domiciliar pelo resto da noite, noticiou o jornal chinês “The South China Morning”.
Também em junho, policiais detiveram Zhang quando ele tentou se encontrar com Bastian Belder, um fiscal do Comitê Parlamentar Europeu de Assuntos Exteriores.
Fonte: Portas Abertas

terça-feira, 12 de agosto de 2008

São Pedro liderou cristãos romanos, mas nunca foi papa, dizem historiadores

Na época do santo, liderança das igrejas cristãs era 'compartilhada' por anciãos. Papado 'monárquico' surgiu séculos mais tarde; martírio em Roma é provável.

Católicos do mundo todo vêem São Pedro como o protótipo dos papas, o homem que fundou a sucessão ininterrupta de líderes da Igreja que chega até Bento XVI, mas o papel real do "príncipe dos apóstolos" provavelmente foi bem mais modesto, afirmam historiadores. Embora seja bem possível que Pedro tenha vivido, pregado e morrido em Roma, ele não fundou um governo centralizado da igreja romana, o qual demorou séculos para emergir.
Mais importante ainda, embora a igreja de Roma tenha conquistado desde cedo uma posição de destaque entre as comunidades cristãs espalhadas pela bacia do Mediterrâneo, as outras igrejas não creditavam o prestígio romano ao "papado" de Pedro, mas ao fato de que tanto ele quanto seu companheiro de apostolado, São Paulo, haviam pregado a palavra de Jesus e morrido em Roma. É o que diz um texto escrito por volta do ano 180 pelo líder cristão Irineu de Lyon.

Segundo Irineu, a comunidade de Roma havia sido "fundada e organizada pelos dois gloriosos apóstolos, Pedro e Paulo". "Para Irineu, a competência da igreja de Roma provinha de sua fundação pelos dois apóstolos, Pedro e Paulo, não só por Pedro", resume o historiador irlandês Eamon Duffy, da Universidade de Cambridge, em seu livro "Santos e Pecadores: História dos Papas".

Chegando mais tarde
Na verdade, a situação era ainda mais complicada do que Irineu imaginava. Tudo indica que a comunidade cristã de Roma foi fundada por um anônimo seguidor de Jesus, provavelmente um judeu da Palestina que se juntou aos dezenas de milhares de membros da comunidade judaica da capital do Império Romano. São Paulo, ao escrever para os cristãos de Roma na década de 50 do século 1, em nenhum momento menciona a presença de Pedro na cidade.

No entanto, sabemos pelos Atos dos Apóstolos, livro do Novo Testamento escrito no fim do século 1, que Paulo acabou indo para a cidade para ser julgado pelo imperador romano num processo que estava sofrendo. E outros textos, também do fim do século 1 e começo do século 2, dão conta de que tanto Paulo quanto Pedro foram mortos durante a perseguição contra os cristãos ordenada pelo imperador Nero entre os anos 64 e 67. A tradição sobre o martírio é relativamente próxima dos eventos, embora não esteja registrada na Bíblia, e há pouca razão para duvidar que os santos morreram mesmo na Cidade Eterna.

Pescador impetuoso
Para o padre e historiador americano John P. Meier, professor da Universidade Notre Dame e autor da monumental série "Um Judeu Marginal" (ainda não concluída) sobre a figura histórica de Jesus, o Novo Testamento traz uma série de informações importantes e confiáveis sobre Pedro. Originalmente, ele era um pescador da Galiléia (norte de Israel), casado, e aderiu ao grupo de discípulos de Jesus junto com seu irmão André. O nome de seu pai era João ou Jonas, e seu nome original era Simão.

O mais provável é que Jesus tenha dado a ele o apelido aramaico de Kepa (ou Kephas, como escreve São Paulo), "a pedra" ou "a rocha", depois traduzido como Petros, ou Pedro, em grego. Todos os evangelistas o apresentam como o principal membro do grupo dos Doze Apóstolos, ou como o porta-voz deles, e também retratam-no como um homem ao mesmo tempo generoso, extremamente apegado a Jesus, cabeça-dura (talvez uma relação irônica com seu apelido), indeciso e dado a súbitas mudanças de opinião.

Em suas cartas, São Paulo relata um relacionamento tempestuoso com Pedro. Ao se converter à fé em Jesus (Paulo, judeu com cidadania romana, antes perseguia os cristãos), Paulo teria passado alguns anos sozinho até ir a Jerusalém e falar com Pedro e outros apóstolos. Depois, conseguiu convencer o grupo original de seguidores de Jesus que os pagãos também poderiam ser convertidos, mas entrou em conflito com Pedro, chamando-o de hipócrita. É que Pedro foi visitar a comunidade cristã de Antioquia, na Síria, e inicialmente fazia suas refeições com os crentes de origem pagã, coisa proibida pela lei judaica. No entanto, quando outros judeus cristãos apareceram na cidade, ele parou de fazê-lo, o que provocou a reprimenda de Paulo.

As chaves do Reino dos Céus
Há indícios de que, antes de ir para Roma, o santo passou por Antioquia e por Corinto, na Grécia. No entanto, o momento definidor de sua carreira como "papa", segundo os apóstolos, teria acontecido ainda durante a vida de Jesus. Segundo o Evangelho de Mateus, Pedro teria dado mostras impressionantes da fé em seu mestre eu declarar a ele: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo". Jesus, então, teria prometido a Pedro a liderança de seus seguidores: "Eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do Inferno não prevalecerão contra ela. Darei a ti as chaves do Reino dos Céus".




John P. Meier afirma que a "profissão de fé" extraordinária de Pedro provavelmente é um fato histórico, por estar registrada nas diversas fontes usadas pelos evangelistas para compor suas narrativas. Também não duvida do papel de liderança de Pedro na Igreja primitiva. No entando, diz acreditar que a promessa de Jesus não é histórica, justamente porque ela usa a expressão "igreja" -- que praticamente não aparece nos textos do Novo Testamento que tratam da vida de Jesus. Para ele, Mateus "retrojeta" uma situação da Igreja primitiva para a época em que Cristo ainda estava vivo.

Mais importante ainda para a questão do "papado" de Pedro, escreve Eamon Duffy, é o fato de que Roma aparentemente não tinham um bispo único até por volta do ano 150, ou seja, quase um século após a morte do apóstolo. É bom lembrar que, originalmente, o papa era o bispo de Roma, que recebia especial atenção de seus pares por governar a comunidade cristã onde tinham sido martirizados Pedro e Paulo. No entanto, vários documentos do começo do século 2, escritos para a comunidade de Roma e por membros dela, em nenhum momento fazem menção a um bispo, mas apenas aos "anciãos da igreja" ou "dirigentes da igreja".

Para Duffy, a explicação mais provável é que a unificação do comando da igreja romana nas mãos de um só bispo veio mais tarde, por causa de uma série de pressões externas e internas, entre elas o surgimento de heresias poderosas, que contrariavam os ensinamentos cristãos originais. Como forma de defesa, as igrejas, entre elas a de Roma, teriam instituído a "monarquia" dos bispos.

Crescem vagas de Emprego na Área de tecnologia



O mercado de trabalho para os profissionais da área de tecnologia voltou a crescer, está aquecido e à procura de mão-de-obra.
Um estudo recente mostra que o setor de tecnologia de informação e de comunicação oferece 33 mil vagas. O Sudeste é a região com o maior número de ofertas: mais de 23 mil. O Centro-Oeste fica com 6 mil. Na região Sul, há quase 3 mil postos. No Norte e Nordeste são 760 vagas. Segundo Cristian Gallegos, diretor da empresa, há vagas para profissionais de tecnologia mais baixa, chamada de gestão de sistema operacionais, bancos de dados, até os profissionais de desenvolvimento de produtos, estrutura e soluções para clientes, além de atendimento. Para preencher o quadro de funcionários, algumas empresas apelam para estratégias nada convencionais, por exemplo, um empregado que indica alguém é premiado e recebe um bom bônus. "Na Índia, por exemplo, a gente está buscando empresas que possam nos atender com demanda de desenvolvimento de produtos específicos", diz Cristian Gallegos.


Fonte: G1

Alunas da Fundação Liberato apresentam projeto sobre analfabetismo em feira científica

As alunas da Fundação Escola Técnica Liberato Salzano Vieira da Cunha, de Novo Hamburgo, Bruna Jacob e Taís Pereira Flores, participam da 8ª Exposição Christus de Ciência e Tecnologia (Excetec), que ocorre em Fortaleza, entre os dias 11 e 14 de agosto. As estudantes estão apresentando o projeto Analfabetismo Funcional II: conhecendo a realidade, buscando a solução, que tem como orientadora a professora Vera Maria Mosmann. O projeto analisou as escolas públicas estaduais e municipais da cidade de São Sebastião do Caí, com o objetivo de identificar as diferenças entre o número de indivíduos que apresentam analfabetismo funcional entre as escolas públicas municipais e estaduais do município. Para realizar a pesquisa, foi elaborado um teste de interpretação de texto com perguntas dissertativas e objetivas, além da confecção de um desenho. O instrumento de trabalho foi dirigido aos estudantes de quinta série de quatro escolas públicas da cidade. O trabalho obteve credenciamento na 8ª Excetec por meio de um prêmio conquistado na 22ª Mostra Internacional de Ciência e Tecnologia (Mostratec), realizada no ano passado.
Fonte: SEC/RS

Isaac Newton buscava na Bíblia código sobre o fim do mundo


Um livro que acaba de chegar ao Brasil ajuda a revelar um lado surpreendente de Isaac Newton (1643-1727), pai da física moderna e responsável por formular a lei da gravidade, entre outras realizações científicas fundamentais. Nas horas vagas (ou, para ser mais exato, na maior parte do tempo durante sua maturidade), Newton se dedicava a um estudo detalhado, ponto por ponto, dos escritos atribuídos ao profeta Daniel e do Apocalipse, os dois livros bíblicos mais que mais versam sobre o fim do mundo. Para o cientista britânico, as duas obras eram guias precisos para a história do mundo até sua época e continham a chave para desvendar o que aconteceria no final dos tempos. Os estudos apocalípticos de Newton estão na obra "As profecias do Apocalipse e o livro de Daniel" (Editora Pensamento), traduzida integralmente para o português pela primeira vez. As análises newtonianas coincidem apenas em parte com o que os modernos estudiosos da Bíblia consideram ser a interpretação mais provável das Escrituras. Mas não devem ser lidas como sinal de que o cientista tinha um lado "retrógrado" ou "obscurantista", alertam especialistas. Pelo contrário: é bastante possível que a fé religiosa de Newton, e seu interesse por assuntos esotéricos, tenham facilitado suas descobertas. "A gente tem de inverter a relação. Não é apesar de suas crenças religiosas e místicas que o Newton consegue dar o pulo do gato nos trabalhos sobre a gravidade; é justamente devido a elas", afirma José Luiz Goldfarb, historiador da ciência e professor de pós-graduação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). "Os próprios estudos bíblicos de Newton já denotam uma sensibilidade mais crítica e moderna, uma tentativa de estudar as profecias de forma quase matemática, usando cronologias detalhadas."Pistas históricas"A gente costuma deixar ciência e religião bem separadas, mas o fato é que os manuscritos de Newton, que chegam a 4.000 páginas, abordam principalmente esses estudos místicos e esotéricos", conta Mauro Condé, professor de história e filosofia da ciência da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). "Com a morte dele, a Universidade de Cambridge e a Royal Society [principal sociedade científica do Reino Unido, da qual ele fazia parte], que tinham um modelo para o que deveria ser o trabalho científico, privilegiaram parte da obra dele e deixaram o resto vir a público de forma meio aleatória", diz o pesquisador. O livro em questão, publicado após a morte de Newton com base em suas anotações, é basicamente uma tentativa de desvendar o significado histórico das principais profecias do livro de Daniel (no Antigo Testamento) e do Apocalipse (livro do Novo Testamento que encerra a Bíblia cristã). Ambas as obras são caracterizadas pela riqueza de imagens simbólicas animais, estátuas, chifres, trombetas que funcionam como uma espécie de linguagem cifrada que o profeta propõe à sua audiência, e que às vezes é desvendada logo após a descrição das visões.Newton, para quem Daniel "é um dos profetas mais claros para se interpretar", traça uma série de correspondências entre as imagens proféticas e eventos reais no seu esquema, por exemplo, menções a "dias" sempre se referem, na verdade, a anos, animais ferozes e poderosos correspondem a reis ou nobres, e assim por diante. Usando essa chave simbólica, o cientista se propõe a relacionar todas as grandes ocorrências da história mundial, do exílio judaico na Babilônia (a partir de 586 a.C.) à sua época, com as visões de Daniel e, em menor grau, com as de João, o autor do Apocalipse. Romanos, bárbaros e papasAs duas principais visões do livro de Daniel se referem a uma estátua feita de vários tipos de metal precioso e não-precioso, e a uma sucessão de animais ferozes de aspecto sobrenatural. A interpretação tradicional (inclusive no interior do livro bíblico) é associar cada um dos metais e das feras a reinos que se sucederiam até o fim dos tempos, quando Deus salvaria seu povo e instauraria seu domínio sobre o mundo. No caso da estátua, temos os metais ouro, prata, bronze, ferro e argila misturada com ferro; para Newton, a correspondência é com os impérios da Babilônia, da Pérsia, dos gregos de Alexandre Magno e de Roma; "ferro e argila" misturados significariam as nações européias oriundas do território fragmentado de Roma, fundadas a partir de reinos bárbaros. Um esquema semelhante é aplicado aos animais ferozes; Newton aproveita o fato de que um deles tem dez chifres para associá-lo aos dez reinos bárbaros europeus fundados após a queda de Roma. Após esses dez chifres, surge mais um, "menor, e três dos primeiros foram arrancados para dar-lhe lugar. Este chifre tinha olhos idênticos aos olhos humanos e uma boca que proferia palavras arrogantes", diz o profeta. Newton afirma que esse chifre arrogante é a Igreja Católica, que havia se tornado um império ao adquirir vastas extensões de terra na Itália durante a Idade Média. O cientista traça a interpretação porque o livro de Daniel diz que o novo chifre" perseguia os santos". Fortemente anticatólico, Newton associava a Igreja à promoção de práticas vistas por ele como demoníacas, como a adoração dos santos, bem como à perseguição dos verdadeiros cristãos. Para ele, a Igreja Católica também pode ser identificada com a Besta do Apocalipse, representada pelo número 666. Em seus cálculos, Newton dá a entender que o fim do mundo viria após a reconstrução do templo de Jerusalém, em torno do ano 2400 mas se abstém de apontar um ano específico. Valeu a tentativaApesar do esforço interpretativo de Newton, poucos estudiosos atuais do texto bíblico vão concordar com sua análise. Para começar, enquanto o físico considerava que o livro de Daniel tinha sido escrito no século 6 a.C. pelo profeta do mesmo nome, o consenso moderno é que a obra é tardia, de meados do século 2 a.C. relatando, portanto, muitas coisas que já eram passado no tempo do profeta antes de se dedicar à profecia propriamente dita. Assim, Roma e a época cristã nem seriam mencionadas em Daniel: o profeta estaria falando apenas dos reinos sucessores de Alexandre Magno que lutavam pelo controle da terra de Israel naquela época. "Seriam, portanto, profecias depois do fato", escreve Lawrence M. Wills, professor de estudos bíblicos da Episcopal Divinity School (Estados Unidos). De acordo com Wills, o chifre perseguidor dos "santos" representa, mais provavelmente, o rei sírio Antíoco Epífanes (morto em 164 a.C.), e não tem relação alguma com a Igreja Católica. Tudo isso pode soar um bocado estranho para os que estão acostumados à separação moderna entre ciência e religião, mas José Luiz Goldfarb vê indícios dos interesses bíblicos de Newton na própria formulação da lei da gravidade. "No hebraico bíblico existe a palavra makom, que significa lugar. Mas, com a evolução do pensamento rabiníco, ela passa a designar a própria divindade. O Newton cita essa palavra em seus escritos, e parece ter usado o conceito para explicar como a gravidade atuava à distância -- como a gravidade do Sol pode atrair a Terra, por exemplo. É como se entre o Sol e a Terra houvesse um makom, que é Deus, o qual está em todos os lugares", diz o pesquisador. Goldfarb ressalta que Newton é só mais um exemplo de patrono da ciência que tinha suas idéias "fertilizadas" pelo pensamento místico de sua época. "Os dois campos se falavam e se influenciavam muito", diz. A crença monoteísta (num Deus único), se vista como um todo, também pode ter sido uma influência positiva nos primórdios da ciência e da filosofia, de acordo com Mauro Condé. "O monoteísmo nos parece simples, mas já exige uma forma de pensamento mais sofisticada e abstrata", diz ele. "E a busca por essências da natureza, por leis ordenadas, é uma coisa que Newton compartilha com filósofos como Platão. Isso foi incorporado na teologia cristã desde o começo", afirma Condé.
Fonte: G1

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

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Dionísio Hatzenberger
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